quarta-feira, 15 de abril de 2009

Opoio Uma Comunicação Competente

Regulamentação. A chancela da competência ou a lacuna para profissionais medíocres?



Nas últimas semanas um tema vem importunando os profissionais de comunicação, especialmente os jornalistas. O Supremo Tribunal Federal discute a possibilidade de mudar a lei da imprensa relacionado à titulação acadêmica do profissional do jornalismo. É fato que, mesmo antes da existência de faculdades de jornalismo, comunicadores já produziam e repassavam informações com o intuito de atualizar o leitor sobre os últimos acontecimentos ocorridos. Não seria a carta de Pero Vaz uma matéria cobrindo o mais novo descobrimento da corte portuguesa? Se não foi um jornal foi no mínimo um editorial dando a opinião do escritor sobre o que viu e o que sentiu nestas novas terras.
Voltando ao raciocínio inicial. A profissão de jornalista possui incontestavelmente uma responsabilidade social profunda por relacionar fatos e notícias a interpretações e valores específicos. A isenção necessária, a narrativa “imparcial”, e toda a mecânica do fazer jornalístico fazem desta profissão uma ciência mais vinculada a prática que ao fazer científico. Mas e a produção de teorias sobre o fazer jornalístico? Do que se trata um teórico que pesquisa e produz um conteúdo relacionado a teorias a acadêmicas da comunicação. Tal profissional não merece sua titulação?
No entanto nem tudo são flores. Com o grande aumento de instituições de ensino superior no Brasil nos últimos dez anos, muitos profissionais são formados a cada a ano e concorrem a uma vaga um mercado que não cresce na mesma velocidade que este volume de profissionais. Mercado construído em boa parte por indivíduos de outras áreas.
Mas então, para ser jornalista não basta saber escrever? O raciocínio não é tão simplista assim. Com este montante de pessoas formadas e gabaritadas a serem jornalistas fazendo frente a outros tantos profissionais, que construíram seu nome no mercado da comunicação anteriormente, o jornalismo entra em crise e se dá um grande embate de gerações e interesses.
Outra peculiaridade está em analisarmos o nível de ensino das escolas superiores no Brasil, que se constitui pelo modelo mais prático para formar o profissional, sem ter uma preocupação mais profunda com a conceitualização deste indivíduo. Assim, vão para um mercado em busca de sua querida vaga uma boa quantidade de profissionais medíocres que acabam por encaixarem-se no mercado por possuírem a sua “chancela de competência” que vem a ser o diploma. Creio que a discussão só começou que ainda veremos uma série de debates e manifestações sobre o tema. Nesta conversa cada um tem seu lado; sindicalistas, empresários e sociedade civil não podem convergir, mas também não devem ficar cada um em seu quadrado. O que eu digo nesse caso, além de tudo já dito, é um grande VIVA por saber que a chama das discussões sobre a qualificação está acesa , seja do jornalista ou não, o importante é poder debater e chegar, quem sabe, a uma conclusão. Ou não.