terça-feira, 7 de agosto de 2007

Manifesto Endocrinosociogastropsicológico

O obeso é uma obra prima
do próprio obeso.
Ele cresce durante toda a existência
e sua forma adiposa,
suas dobras,
seus odores,
contam a história trágica
da vida cômica do obeso.
Toda a vida é doada
ao prazer,
a compulsão,
a gula,
a compensação,
ao desprendimento deste obeso.
Desprendimento porque
esta anti-forma anti-dionisíaca
reflete todo o mundo
na ingestão de tanto glutamato
de tanto emulsificante, espessaste,
saborizantes e citratos,
por ser complexo e esférico.
A vida está cheia de obesos.
Obesos assumidos que conseguem sorrir
e obesos raquíticos que morrem a míngua.
A vida do obeso é sua idéia
seu corpo sua intervenção
sua forma a ditadura
dos anti-padrões
no anti-hoje onde vive o obeso.
Contemplar o obeso interior
é poder conviver mesmo sem significado
com os significados da vida.
O obeso é o contra.
É o lado em nós que cresce a vida toda
e se mantém em casa
com impulsos gástro-neurais,
elasticalcificando
o medo do que há fora,
e reter tudo dentro,
como um bicho que espeara o dia
da ibernação final de dormir
e não acordar pelo medo do espelho.
Todo o obeso individual é aquele que se toca.
E que mesmo arqueado e sozinho
afunda o superego em seus
confortáveis labirintos adiposos
e goza frenético.
Assuma seu obeso.
Liberte sua contra-psique.

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